02 May 2024

Publicado em Editorial
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   Juros altos, inflação resistente e em níveis elevados, renda estagnada e endividamento em alta têm tirado o poder de compra dos brasileiros e enfraquecido as vendas do varejo. Nos últimos dois anos, as empresas de varejo perderam R$ 339,6 bilhões de valor, o que equivale ao Produto Interno Bruto (PIB) do Uruguai.
   As vendas por e-commerce, que deram fôlego ao mercado, durante a pandemia, também já não são mais capazes de segurar a queda das vendas.
   Assim, o comércio brasileiro vem passando por um momento difícil, denominado por especialistas do mercado financeiro, de “inverno do varejo”. O problema está relacionado a um cenário de crise, que perdura desde 2020, com a pandemia de Covid-19, que só terminou no final de 2021, causando prejuízo para diversos setores da economia.
   Além disso, o cenário internacional não está favorável, com crises desencadeadas pela guerra da Ucrânia e a intensa disputa comercial entre americanos e chineses.
   Especialistas afirmam que o mercado depende da queda da taxa de juros para voltar ao “normal”. No Brasil, o consumo depende muito da oferta de crédito. Mas, como emprestar dinheiro se está difícil pagar parcelas de financiamentos já realizados? Com esta perspectiva, muitas empresas estão fazendo corte ou redução nos novos investimentos, com o intuito de preservar o caixa. Afinal, o cenário para os próximos meses ainda é de incertezas. Os juros não devem cair rapidamente e o consumidor deverá continuar freando gastos em categorias consideradas menos essenciais.
   Assim, se o varejo vender menos, também lucrará menos e as ações dessas companhias varejistas tendem, também, a sofrer derretimento. Em março, as ações da Renner apresentaram variação negativa de 14,69% em 2023 e de -25,83% em 52 semanas. A Marisa queda, respectivamente, de -45,6% no ano e de -76,94% em 12 meses, e encerrou o ano passado com dívidas de R$ 560,4 milhões. A Via (Ex-Via Varejo), resultados negativos de -15% e de -42,53%, considerando os mesmos períodos. O Magalu é uma das únicas varejistas em “melhor” situação. Seus papéis apresentam valorização de 37,22% em 2023, mas no acumulado de um ano ainda está negativa em 35,39%.
   Também é preciso mencionar que os resultados do comércio impactam diretamente o desempenho da indústria e a taxa de desemprego no Brasil. Isso porque no país, tradicionalmente, o comércio que é considerado a porta de entrada dos jovens no mercado de trabalho, além de empregar mais de 20% dos trabalhadores formais da economia brasileira.
   Para o segundo semestre do ano, no entanto, alguns empresários prospectam um cenário mais positivo. Há perspectivas de recuperação de alguns setores, tais como o de vestuário, calçados, móveis e eletrodomésticos, que dependem do crédito, mas de uma maneira menos intensa do que, por exemplo, veículos, motos e materiais de construção.
   Porém, o que assertivamente poderia mudar e melhorar as condições de consumo, seria a perspectiva de melhora da economia brasileira, que ainda patina, com o aquecimento do mercado de trabalho, inflação em processo de desaceleração ou com queda significativa e crédito muito mais barato.

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