05 May 2024


Na República: uma expulsão e uma injustiça

Publicado em TITO COSTA
Lido 571 vezes
Avalie este item
(0 votos)

TITO COSTA

 

Mais um aniversário, nesta semana, de nossa República, proclamada em 15 de novembro de 1889, por um movimento de militares contra a Monarquia e, principalmente contra Pedro II, Imperador do Brasil. Mais uma revolução nestas plagas brasílicas, sem povo e sem sangue. Um golpe. Um movimento sedicioso, como tantos outros, manipulados por políticos e grupos que tomam o poder e depois dele usufruem.

Proclamada a República, Dom Pedro II foi deposto e expulso do Brasil, sendo-lhe determinado que saísse de madrugada para não ser reconhecido, pois o povo gostava dele e poderia manifestar-se contra o injusto degredo. Sobre essa humilhação registrada pela nossa História, teria ele dito, numa justa e justificada indignação: - “Não vou sair fugido como um negro escravo” ! Nas comemorações de nossas datas históricas pouco se fala desses recônditos registros em nossos arquivos. O príncipe triste que assumiu a coroa aos 14 anos de idade, foi cercado de tutores e serviçais, solitário num palácio onde amargou a tristeza da orfandade: órfão de mãe e de pai.  Aos cinco anos de idade foi levado à sacada do Senado para uma saudação oficial, sendo depois entregue aos cuidados de um tutor, ou regente. Depois governou o Brasil com sabedoria, inteligência, um homem culto buscando para o país, ainda nascente, um lugar digno na  História. Nascido no Brasil em 1825, três anos após o grito de independência proferido por seu pai, Pedro I, às margens do córrego Ipiranga, herdou a coroa imperial que soube usar com dignidade e eficiência. Mas sofreu as agruras de reinar cercado por áulicos interesseiros e intrigantes, que ele soube sentir e registrar como nesta passagem de um seu diário: ”Eu era um bem precioso e no segredo dos gabinetes os políticos tramavam intrigas para conquistarem, não as minha boas graças - para que poderia eu servir pobre fedelho assustado -, mas a posse física da minha pessoa” (Memórias Imaginárias do Último Imperador Pedro II, de Jean Soublin, Ed. Paz e Terra, S. Paulo,1996, pág. 14).

Nas escolas pouco ou nada se ensina sobre fatos importantes de nossa História, como este da Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, e seus bastidores, verdadeiro golpe contra o regime monárquico e expulsão do Imperador que  morreu num hotel em Paris, no dia 5 de dezembro de 1891, doente e solitário. De seu diário ainda esta confissão: “A amargura da minha queda não foi tão cruel quanto a lembrança da minha infância abandonada, aterrorizada”.  Eis do que não se fala nos festejos de 15 de novembro, apenas mais um feriado para o descanso nas praias e os atropelos nas estradas.
Última modificação em Sexta, 21 Janeiro 2011 19:08
Folha Do ABC

A FOLHA DO ABC traz o melhor conteúdo noticioso, sempre colocando o ABC em 1º lugar. É o jornal de maior credibilidade da região
Nossa publicação traz uma cobertura completa de tudo o que acontece na região do ABCDM.

Deixe um comentário

Make sure you enter the (*) required information where indicated.Basic HTML code is allowed.

Main Menu

Main Menu