Mais um aniversário, nesta semana, de nossa República, proclamada em 15 de novembro de 1889, por um movimento de militares contra a Monarquia e, principalmente contra Pedro II, Imperador do Brasil. Mais uma revolução nestas plagas brasílicas, sem povo e sem sangue. Um golpe. Um movimento sedicioso, como tantos outros, manipulados por políticos e grupos que tomam o poder e depois dele usufruem.
Proclamada a República, Dom Pedro II foi deposto e expulso do Brasil, sendo-lhe determinado que saísse de madrugada para não ser reconhecido, pois o povo gostava dele e poderia manifestar-se contra o injusto degredo. Sobre essa humilhação registrada pela nossa História, teria ele dito, numa justa e justificada indignação: - “Não vou sair fugido como um negro escravo” ! Nas comemorações de nossas datas históricas pouco se fala desses recônditos registros em nossos arquivos. O príncipe triste que assumiu a coroa aos 14 anos de idade, foi cercado de tutores e serviçais, solitário num palácio onde amargou a tristeza da orfandade: órfão de mãe e de pai. Aos cinco anos de idade foi levado à sacada do Senado para uma saudação oficial, sendo depois entregue aos cuidados de um tutor, ou regente. Depois governou o Brasil com sabedoria, inteligência, um homem culto buscando para o país, ainda nascente, um lugar digno na História. Nascido no Brasil em 1825, três anos após o grito de independência proferido por seu pai, Pedro I, às margens do córrego Ipiranga, herdou a coroa imperial que soube usar com dignidade e eficiência. Mas sofreu as agruras de reinar cercado por áulicos interesseiros e intrigantes, que ele soube sentir e registrar como nesta passagem de um seu diário: ”Eu era um bem precioso e no segredo dos gabinetes os políticos tramavam intrigas para conquistarem, não as minha boas graças - para que poderia eu servir pobre fedelho assustado -, mas a posse física da minha pessoa” (Memórias Imaginárias do Último Imperador Pedro II, de Jean Soublin, Ed. Paz e Terra, S. Paulo,1996, pág. 14).
Nas escolas pouco ou nada se ensina sobre fatos importantes de nossa História, como este da Proclamação da República em 15 de novembro de 1889, e seus bastidores, verdadeiro golpe contra o regime monárquico e expulsão do Imperador que morreu num hotel em Paris, no dia 5 de dezembro de 1891, doente e solitário. De seu diário ainda esta confissão: “A amargura da minha queda não foi tão cruel quanto a lembrança da minha infância abandonada, aterrorizada”. Eis do que não se fala nos festejos de 15 de novembro, apenas mais um feriado para o descanso nas praias e os atropelos nas estradas.