As festas comemorativas dos 70 anos da Revolução Comunista e do nascimento da República Popular da China tiveram um elemento estranho visando a ofuscar o brilho das celebrações programadas pelo governo: a reação de protesto da cidade de Hong Kong numa demonstração de rebeldia considerada inteiramente "descabida" e "improvável" num regime de força como o da nova República.
Visitei Hong Kong quando ainda mantinha forte influência de Portugal: anúncios de atividades comerciais na língua portuguesa e, entre as curiosidades mais marcantes, uma placa na fronteira de uma casa comercial anunciando o escritório de um advogado português, que sabia falar a língua deles. Conversei com ele, tomado de grande curiosidade, tentando entender sua capacidade de mover-se profissionalmente diante de influência de língua, leis e costumes tão diferentes daqueles orientais. O dia primeiro de outubro deste ano de 2019 foi comemorado pelos 70 anos da Revolução Comunista Chinesa que, não obstante essa marca, é hoje a segunda potência no mundo, mas vivendo os mais tumultuados dias de sua história. E, para surpresa do mundo atento ao seu desenvolvimento, a China vive a maior crise dentro do regime de força que ali permanece. Houve desfile militar no meio de protestos populares violentos na comuna de Hong Kong, a China desejando mostrar aos povos de todo o mundo seu poderio bélico. Nessas manifestações de protestos os insurgentes utilizaram coquetéis molotov e a polícia respondeu com bombas de gás lacrimogêneo e canhões de água. Feridos, muitos foram socorridos, alguns em estado grave, mas o presidente chinês Xi Jinping, na firmeza de sua autoridade, declarou: " Nada pode fazer com que os pilares de nossa grande nação se abalem. Nenhuma força pode impedir que a nação e o povo da China sigam em frente".