30 Apr 2024


Vacina do Butantan contra a dengue tem eficácia de 79,6%

Publicado em Saúde
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O Instituto Butantan, do Governo do Estado de São Paulo, publicou no New England Journal of Medicine, uma das mais prestigiadas revistas científicas, os primeiros resultados do ensaio clínico da fase 3 da sua vacina contra a dengue, nesta quinta (1). O imunizante feito com os quatro vírus atenuados, de dose única, evitou a doença em 79,6% dos vacinados ao longo de um período de dois anos, protegendo tanto quem já tinha tido dengue como aqueles sem infecção prévia. A publicação traz os resultados detalhados de eficácia após a imunização, divulgados no final do ano passado.

Trata-se de uma nova perspectiva para o combate da doença em meio ao aumento de casos de dengue no Brasil: nas quatro primeiras semanas de 2024, foram identificados 217.841 casos prováveis da dengue, com 15 mortes confirmadas e 149 sob investigação. No apanhado de 2023, foram registrados 1,6 milhão de casos prováveis até novembro, segundo o Ministério da Saúde. Além disso, a divulgação do estudo fortalece a possibilidade de aprovação da vacina pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

“Os dados de fase 3 são muito animadores. A publicação na NEJM, uma revista de prestígio, reforça a qualidade dos ensaios clínicos conduzidos pelo Butantan, a capacidade dos centros de pesquisa e cientistas envolvidos no projeto e o reconhecimento internacional do Instituto”, afirma Esper Kallás, diretor do Instituto Butantan e investigador principal. “Tudo isso só foi possível graças à colaboração generosa dos participantes que se voluntariaram para o estudo”, completou ele.

A análise de eficácia do imunizante foi feita ao longo de dois anos de acompanhamento de 16.235 voluntários de todo o Brasil, com idades de 2 a 59 anos, em 16 centros de pesquisa. Durante esse período, foram notificados apenas alguns casos de dengue entre os participantes. O estudo, que iniciou o recrutamento em 2016, seguirá até que todos os voluntários completem cinco anos de acompanhamento.

A proteção foi observada em todas as faixas etárias, sendo 90% em adultos de 18 a 59 anos, 77,8% dos 7 aos 17 e 80,1% nas crianças de 2 a 6 anos.

Em pessoas que já apresentavam anticorpos para a dengue antes do estudo, a proteção foi de 89,2%; naqueles que nunca tiveram contato com o vírus, a eficácia foi de 73,6%. O imunizante teve o mesmo perfil de segurança em ambos os grupos, representando uma vantagem em relação a outros disponíveis no mercado privado que são indicados preferencialmente para pessoas com infecção prévia.

A vacina do Butantan foi desenvolvida para proteger contra os quatro sorotipos do vírus da dengue (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4). Como no período do estudo circularam apenas os sorotipos 1 e 2 no Brasil, até o momento foi possível descrever uma eficácia de 89,5% para DENV-1 e 69,6% para DENV-2.

Em relação à segurança, a maioria das reações adversas foi classificada como leve a moderada, sendo as principais dor e vermelhidão no local da injeção, dor de cabeça e fadiga. Eventos adversos sérios relacionados à vacina foram registrados em menos de 0,1% dos vacinados, e todos se recuperaram totalmente.

Uma grande vantagem potencial da candidata a imunizante do Butantan é que uma dose foi suficiente para fornecer uma proteção robusta contra a dengue, enquanto outras vacinas aprovadas exigem duas ou três doses. O esquema de dose única é muito mais favorável, principalmente durante epidemias, pois induz a proteção da população em um curto espaço de tempo, ajuda a alcançar uma maior cobertura vacinal e traz vantagens logísticas e econômicas.

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