O deputado estadual e primeiro secretário da Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp), Luiz Fernando (PT), em entrevista exclusiva à Folha, fez um balanço das ações de seu atual mandato, falou sobre os desafios para a próxima legislatura e sobre seu futuro político.

   Luiz Fernando encerra o seu segundo mandato e, no dia 15 de março, tomará posse para o terceiro, como deputado estadual. O petista, cuja base eleitoral é São Bernardo, foi reeleito, em outubro último, com 141.017 votos.

   Entre os seus principais projetos, os quais Luiz Fernando designa como “grandes lutas”, estão: o metrô. “Foi uma luta muito intensa. Virou realidade em 2014, foi licitado e contratado. O governo do PSDB teve dificuldade de desapropriar as casas. Tirou o metrô com anuência dos prefeitos da região. O metrô não era um projeto, era um contrato, já havia sido contratado quem iria fazer. Eles aceitaram acabar com o metrô e colocar, agora, um BRT. Entrei na briga sozinho, os deputados da região, com exceção do Barba disseram amém para o governador”, critica o parlamentar.

   Luiz Fernando também destaca o projeto de estadualização do Hospital Nardini, em Mauá, e a despoluição da Represa Billings. “A represa Billings recebe diariamente esgoto do Rio Pinheiros. A Billings é uma reserva de água para todo o ABC, inclusive para a Baixada. Estou lutando muito para pararem de jogar esse esgoto na represa. É briga dentro do Ministério Público, briga a nível de projeto, de articulação política”, diz.

   Outra conquista do parlamentar é a redução do salário dos deputados, em 2020, durante a pandemia de Covid-19. “Meu projeto não foi aprovado na íntegra. Propus cortar 50% do salário dos deputados e 50% dos custos de gabinete. A Alesp aprovou o corte de 45% do custo do gabinete e 35% do salário dos deputados e a Câmara de São Paulo, de São Bernardo, Santo André seguiram o nosso exemplo”, explica.

      Além disso, Luiz Fernando teve aprovado projeto de sua autoria, em dezembro último, o qual obriga a Sabesp a divulgar os resultados dos testes realizados da água. O deputado também “briga” pela ampliação do teste do pezinho em recém-nascidos, dos atuais 5 exames na rede pública, para 52, como já ocorre na rede privada de Saúde. Outro projeto de destaque é a proibição da terceirização da me-renda. “Ainda não foi aprovado. Diversos prefeitos foram presos, outros foram indiciados. É usual este desvio. Desviar da merenda é roubar comida de filho de pobre”, avalia.

PRÓXIMA LEGISLATURA

   O petista iniciará seu terceiro mandato como deputado estadual em março e diz que tem muitos projetos tramitando e que irá “lutar” pela aprovação deles. Também irá defender a união entre os parlamentares do ABC. “Tenho dito sobre a importância de fazer um processo regional. Hoje, o ABC tem oito deputados estaduais. Divirjo da Carla Morando, por exemplo, em quase tudo, mas tem coisas que é importante lutarmos juntos. Quero quebrar essa lógica dos deputados. Cada um luta por si e Deus por todos, é a região que fica perdendo”, pondera.

   Outros “grandes desafios”, de acordo com o deputado, serão: trazer recursos para ajudar na Saúde e continuar na “luta” pela despoluição da Billings.

DIÁLOGO COM O GOVERNADOR

   Luiz Fernando diz “não conhecer” o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) e que, portanto, irá aguardar as ações do governo para avaliar se irá se opor ou não a elas. “Hoje o Tarcísio é uma incógnita. Ninguém conhece ele. Primeiro porque ele não é daqui. Se alguém disser que conhece é mentira. O cara é do Rio de Janeiro, nunca militou aqui. Precisamos saber o que vai vir. Não somos oposição por oposição. Somos oposição às coisas que prejudicam o nosso Estado”, revela.

FUTURO POLÍTICO

   Oriundo de família política, Luiz Fernando ainda não revela quais os planos para seu futuro político. Se poderá, em 2024, disputar a eleição como candidato a prefeito de São Bernardo, como seu pai e o irmão mais velho, que foram prefeitos de Águas da Prata, interior de São Paulo, ou ainda se candidatar a deputado federal, seguindo os passos de seu outro irmão, Paulo Teixeira, que foi deputado federal e hoje, é Ministro de Estado do Desenvolvimento Agrário do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

   “Tenho sido, ao longo da minha vida, soldado da luta. Luto por uma sociedade melhor, mais segura. Temos que dar mais oportunidades. É muito cedo para discutir. Acabamos de disputar uma eleição. Tenho um projeto de construção de uma sociedade para todos, onde o ser humano seja prioridade. Sempre que fui convocado, me apresentei. Não há essa convocação para ser candidato a prefeito. Quem toca minha vida é Deus, não sei o que Deus tem preparado para mim”, diz.

   O deputado ainda completa: “Se as oportunidades surgirem, quando surgirem e se surgirem, posso analisá-las. Acho muito cedo discutir sobre a Prefeitura de São Bernardo. Essa eleição ainda não está dada. Temos que torcer para o governo federal dar muito certo”.