02 May 2024


O retorno do carro popular

Publicado em Editorial
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O governo avalia a volta do carro popular ao mercado brasileiro. O tema já entrou na agenda do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Atualmente, no Brasil, opções zero-quilômetro mais em conta facilmente superam a faixa de R$ 70 mil.
A disparada nos preços dos veículos teve início em 2021, ainda na pandemia. Na época, foi registrado um aumento nunca visto nos valores de veículos novos e usados. Fatores como a alta no dólar e o custo das matérias-primas, associados à escassez de componentes, levaram muitas fábricas ao redor do mundo à paralisação da produção.
O aumento exponencial no valor para adquirir um automóvel, especialmente os 0km, fez a expressão “carro popular”, praticamente perder todo o sentido para os brasileiros, posto que os valores cobrados estão muito além das condições financeiras da maioria da população. Além disso, em diversas montadoras, as versões de entrada, em tese mais acessíveis ao consumidor, também deixaram de ser oferecidas no País.
A indústria automotiva está presente no Brasil desde o início do século XX, e a partir da década de 1950 passou a atuar de forma intensa no País. O primeiro carro no Brasil foi um Peugeot, modelo francês importado de navio até a cidade de Santos, por Alberto Santos Dumont, em 1894. Já a primeira empresa a estabelecer um escritório no País foi a Ford, em 1919. Em 1925, a General Motors chegou ao Brasil. Na década de 1920 surgiu a primeira rodovia asfaltada, a Rio-Petrópolis, inaugurada pelo presidente Washington Luís, que tinha como lema "governar é abrir estradas".
Contudo, o verdadeiro boom da indústria automotiva ocorreu durante o governo de Juscelino Kubitschek, cujo principal lema de governo foi “50 anos em cinco”, ou seja, “50 anos de progresso em 5 anos de governo”. Juscelino pode ser considerado o pai da indústria automobilística, pois além de implantá-la no Brasil, acelerou a construção de rodovias. Assim, o Brasil deixava de importar parte dos veículos de que necessitava, passando a produzí-los em solo nacional.
Em 1956 era lançado o primeiro automóvel de produção em série no Brasil, o Romi-Isetta. Era um veículo urbano de tamanho compacto, que nasceu na Europa no final dos anos 1940. Em 1959, começou a produção nacional do Volkswagen Fusca. No País, o veículo foi produzido na fábrica da Volks localizada às margens da Rodovia Anchieta, em São Bernardo. Ao longo dos anos, foram produzidas mais de 3,3 milhões de unidades do Fusca no Brasil.
Por muitos anos o Fusca e modelos subsequentes, como Gol e Fiat Uno, foram os populares mais vendidos no País. A compra de um carro sempre esteve presente nos sonhos dos brasileiros. Mas, esta realidade, atualmente, fica cada vez mais distante.
No último mês, a Fenabrave, associação de revendedores de veículos, levou o tema da volta do carro popular ao Ministério do Desenvolvimento (Mdic), com pedido de um veículo com preço na casa dos R$ 45 mil a R$ 50 mil, pequeno, não tão tecnológico e mais simples. Apesar disso, o retorno dos populares não é consenso entre as montadoras da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), que acham melhor criar condições mais favoráveis de crédito para o consumidor ter condições de comprar carros de entrada já disponíveis.
No entanto, chama a atenção o fato de o setor ter registrado oito paralisações de fábricas e dois cancelamentos de turnos nos primeiros três meses de 2023. Isso sem falar no endividamento, que atinge 78,3% das famílias brasileiras, segundo a CNC (Confederação Nacional do Comércio), e é fortemente agravado com a alta taxa de juros de 13,75%. Assim, a volta dos carros populares é mais do que bem-vinda a um país que ainda sofre com tantos imbróglios econômicos e sociais e não quer caminhar na direção de ter pelo País uma frota de carros tão antigos quanto Cuba.

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