29 Apr 2024

Publicado em Editorial
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O otimismo visto em 2022 com a expectativa da retomada da economia, após o arrefecimento da pandemia de Covid, até agora, ainda não se concretizou totalmente.
A associação entre os juros altos e o alto índice de famílias endividadas nos leva a crer que o poder de consumo do brasileiro seguirá em baixa. Ainda assim, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva assinou, na quarta (18), uma portaria para criar um grupo de trabalho para formular uma proposta de valorização permanente do salário mínimo. Em seu discurso, no entanto, não confirmou se o piso vai aumentar dos atuais R$ 1.302 para R$ 1.320 ainda neste ano. O ministro do Trabalho, Luiz Marinho, afirmou que o valor do mínimo ficará em R$ 1.302 pelo menos até maio. Em 2022, o piso estava em R$ 1.212 e o valor de R$ 1.302 foi fixado ainda em dezembro pelo ex-presidente Jair Bolsonaro.
Durante edição do Fórum Econômico Mundial, realizado em Davos (Suíça), o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse que o governo avaliará a possibilidade de um novo valor para o mínimo, ainda neste ano, a partir de uma negociação com as centrais. Porém, apontou que a viabilidade de um valor acima dos R$ 1.302 já em vigor dependerá do cálculo do número de beneficiários do INSS, uma vez que uma parcela grande dos pagamentos previdenciários são indexados ao mínimo.
No âmbito empresarial, a situação não é nada animadora. Para 39% dos CEOs do mundo (e 33% no Brasil), as empresas que administram serão economicamente inviáveis daqui a dez anos caso não haja grandes mudanças, de acordo com a 26ª edição da Global CEO Survey, estudo feito anualmente pela consultoria PwC. Os CEOs se mostraram pessimistas com o cenário macro, pois 73% deles esperaram a desaceleração da economia global neste ano. Fora o cenário de incertezas econômicas, com fatores como a inflação persistente, as tensões geopolíticas, como a Guerra da Ucrânia, também preocupam os executivos.
O economista Samuel Pessôa, responsável no Brasil pela área de pesquisas econômicas do Julius Baer Family Office, tradicional casa bancária suíça voltada à gestão de fortunas, em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, avaliou que Lula resolveu iniciar o governo com o “pé na tábua dos gastos, agravando o rombo nas contas públicas do País”. Segundo Pessôa, o Brasil já tinha um problema fiscal “dramático”, um “buraco estrutural no Orçamento” da ordem de R$ 200 bilhões. “O primeiro movimento do Lula, antes mesmo da posse, foi aumentar o gasto em pelo menos R$ 150 bilhões, elevando o rombo para R$ 350 bilhões a R$ 400 bilhões ao ano. Aí, surgiu uma dúvida em relação à capacidade do Tesouro Nacional de servir sua dívida sem incorrer em inflação. Será que o Tesouro vai conseguir ter uma posição fiscal sólida o suficiente para a dívida não aumentar e até cair lentamente ao longo do tempo, sem que, para isso, precise incorrer em imposto inflacionário?”, disse.
Os governos anteriores do presidente Luiz Inácio Lula da Silva não precisaram fazer grandes ajustes fiscais. Este é o primeiro mandato no qual o petista irá enfrentar um desequilíbrio fiscal sério, herdado do governo anterior e agravado com o cenário internacional. Sem ajuste fiscal efetivo, o juro subirá mais, o real irá se desvalorizar ainda mais perante ao dólar, o custo de vida ficará mais caro ainda e tudo acabará afetando, também, o setor privado e de investimento.
Não é nada disso que os brasileiros querem. A responsabilidade com os gastos públicos e o comprometimento com ajustes fiscais serão imprescindíveis para um mandato exitoso para o novo governo.

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