29 Apr 2024


A barbárie de Brasília

Publicado em Editorial
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O dia 8 de janeiro de 2023 entrou para a história nacional como o mais grave atentado contra a democracia brasileira, desde o fim da ditadura militar, em 15 de março de 1985.
Grupo de apoiadores bolsonaristas saíram em marcha do acampamento que estava localizado em frente ao quartel-general do Exército e furou bloqueio de PMs. Vestidos com camisas verde e amarela, carregando a bandeira nacional, alguns portavam máscaras de gás e capacetes.
A caminho da Praça dos Três Poderes, os manifestantes agrediram um policial e um cavalo da corporação e, ao menos 14 jornalistas, sofreram ameaças, tiveram equipamentos quebrados, receberam socos, chutes e empurrões.
Ao chegarem, começaram a praticar os mais bárbaros atos de vandalismos já executados no país. Depredaram o plenário do STF (Supremo Tribunal Federal), a porta do armário de togas com o nome do ministro Alexandre de Moraes. O Congresso foi inundado por causa da água usada para apagar o incêndio causado pelos vândalos. Obras de arte foram destruídas, entre elas uma tela de Di Cavalcanti exposta no Palácio do Planalto, que foi rasgada em ao menos três locais diferentes. Presentes dados por autoridades estrangeiras ao país e armas e munição do GSI (Gabinete de Segurança Institucional) foram saqueadas no Planalto.
A polícia do Distrito Federal se mostrou ineficaz para conter os ataques. Lançou bombas de efeito moral e de gás lacrimogêneo para desocupar os prédios, mas a situação só foi controlada quando já era noite. Mesmo sabendo previamente dos atos, não foi executado nenhum plano para conter a ação dos vândalos.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que estava em Araraquara (SP), no momento dos atentados, voltou a Brasília e decretou intervenção federal para assumir a segurança pública do Distrito Federal. O ministro Alexandre de Moraes, do STF, afastou do cargo por 90 dias o governador do DF, Ibaneis Rocha, e também determinou a desocupação dos acampamentos realizados nas imediações dos Quartéis Generais. Mais de 1,5 mil foram presos por depredações. Moraes ainda determinou que as autoridades públicas de todo o país impeçam qualquer tentativa de bloqueio de vias públicas ou rodovias.
Os vândalos responsáveis pelos atos deverão ser punidos, mas a responsabilidade sobre os ataques não deve ficar apenas nos causadores diretos, os autores que planejaram, orquestraram e financiaram as depredações também precisam ser identificados e receberem a devida punição, com o máximo rigor.
Mesmo assim, o prejuízo da barbárie, vai muito além dos danos físicos ao Congresso Nacional, ao STF e ao Palácio do Planalto. É incalculável ao País. Os atos golpistas vão atrasar as soluções para a economia, pois a médio prazo, o governo Lula terá sua atenção desviada para conter e reorganizar o País, evitando que novos ataques possam acontecer, reforçando e revisando medidas de segurança, além de refazer e consertar tudo o que foi destruído. As soluções para os entraves econômicos, pelo menos por ora, ficam em segundo plano. Também será gasto muita energia para a repacificação do país.
A partir de agora, sempre ficará a dúvida se uma aglomeração de pessoas cobertas de bandeiras do Brasil e vestidas com a camisa verde e amarela poderá ser o prenúncio de algo ruim por vir. Até quando essa polarização odiosa e esse radicalismo cego irão inflar atos de barbárie no Brasil?

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