Passava tão mal que certo dia perguntei a ele se aquilo iria salvar a minha vida... “Que tal pararmos?” Ele respondeu “Não garanto que isso salve sua vida. Mas as pesquisas mostram muito mais curas de quem as faz.” Conclusão: Cinco anos depois disse que eu estava ótima e, em junho, me deu alta. Fiz alguns tratamentos alternativos.
Dois anos depois da cirurgia, vendo a falta de soutiens e próteses para as mulheres mastectomisadas, enviei uma carta para a Valisére explicando a nossa necessidade. Eu fazia adaptações em soutiens comuns, camisolas, biquínis, etc. Depois de algumas reuniões dentro da fábrica, com a estilista de roupas íntimas, Cecília, convidei mulheres com o mesmo problema que o meu, minhas conhecidas, e montei um “corpo de prova” do número 38 ao 52. Uma vez por mês nos dirigíamos à Valisére, em Santo André. Ficávamos todas sem a parte superior das roupas e íamos experimentando os modelos postos em prova. Tínhamos que usar durante um mês e responder a um questionário para no mês seguinte voltar lá. Foram alguns meses até um modelo ser aprovado e confeccionado. Sempre se recordavam que era uma festa nossa ida lá. Nessas ocasiões, inclusive nos ofereciam o almoço na própria firma. Devido à idade, muitas delas já faleceram...
Certa vez, sugeri para uma amiga que sempre acompanhou os meus passos e trabalhava no Museu da Cidade que a prefeitura fizesse uma série de palestras com os meus médicos. Meu quimioterapeuta da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dr. Normando de Bellis; o cirurgião plástico, Dr. João Carlos Sampaio Góes e o Dr. Rudolph Muller, diretor da Forjaria São Bernardo. Aceitaram. Dr. Muller fez a palestra com o tema “A Pirâmide no uso para o câncer, estudos do cientista Sr. Stevan Kowacsiky. “Fizemos também uma exposição de próteses, soutiens e camisolas com adaptação para uma prótese leve, luvas para conter o linfedema, etc. Foi um sucesso! Nunca pensamos que era tão grande o número de mulheres com câncer de mama. Elas se apresentaram junto aos seus maridos e filhos no auditório João Domingues Tavares. As palestras foram ministradas semanalmente.
Fiz cursos de cerâmica moldada e pintada e de artesanato em geral. Tive com amigas, primeiro um atelier, “Dica’s Coisas”, por seis anos. Fazíamos nossas exposições, antes do Dia das Mães e Natal. Nossos trabalhos eram expostos em uma sala que ficava no fundo do meu jardim. Era um dia que ficávamos rodeadas por amigos. Mais tarde, junto com outras amigas, montamos o artesanato de Natal. Isso, bem antes da Coréia entrar na concorrência... Éramos convidadas por lojas de amigas, para expormos nossas artes no local, levando muitas pessoas para lá. Sempre foram dias deliciosos! (Continua)