06 May 2024


Dia Dos Pais... relembrando meu pai...

Publicado em DIVANIR BELLINGHAUSEN
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A escritora Devanir Bellinghausen, querida amiga que semanalmente há 37 anos nos presenteia com belos textos, de uma sensibilidade ímpar, hoje está internada em um hospital na Capital para tratamentos. Mas, nem a doença e os ventos fortes tiram a alegria e o prazer em escrever. Didi presenteia pais e filhos.
No Brasil o Dia dos Pais foi comemorado pela primeira vez em 14 de agosto de 1953, por iniciativa do publicitário Sylvio Bhering. Mais tarde, atendendo a motivação comercial, foi instituído o segundo domingo de agosto como data oficial. A ideia veio dos Estados Unidos onde uma pequena cidade de Washington homenageou os pais em 19 de junho de 1910. Lá, em 1972 foi oficializado o dia, sempre no terceiro domingo do mês de junho.
Não poderia deixar de citar aqui meu pai, Alberto Eduardo Bellinghausen.
Nascido em nossa cidade, São Bernardo do Campo, no dia 30 de dezembro de 1909, filho de alemães, perdeu seu pai aos 11 anos de idade, sendo o filho mais novo de Guilherme e Catharina. Tinha três irmãos mais velhos: Willian: Willie, Carlos Theodoro: Tede e Leonia: Leone. Desde os cinco anos de idade começou a entregar leite da vaquinha da avó pela vizinhança e ajudar na preparação do chucrute, muito apreciado pelos alemães da cidade. Talvez essa falta do pai, sendo ele tão menino, o fez querer ter os 5 filhos, os criando com muito amor e alegria. Seus irmãos faleceram sem deixar herdeiros. Assim que perdeu o pai, que tinha uma ferraria na esquina da Rua Dr. Flaquer com a Marechal Deodoro, única a fazer carruagens, carroças e todos os trabalhos com ferro, Alberto e Tede foram trabalhar na Fábrica de Móveis da família Corazza Em 1934 os dois irmãos, fundaram a Fábrica de Móveis Irmãos Bellinghausen. Casou com minha mãe Odette Tavares em 1936, ela recém vinda de São Paulo. Ela era musicista e pintora, e foi o braço direito na vida de meu pai nesse começo tão difícil, pois no início eram só ele e o irmão a tocarem a fábrica. Assim ela dava aulas para manterem as despesas da casa, que era na esquina da Rua Tomé de Souza com a Dr. Flaquer.
Meu pai viajava muito, mas sempre pelo Brasil. Do Oiapoque ao Chuí. Do exterior, só foi até a Argentina. Antes de casar, gostava de pintar, o que talvez ajudou a atrair minha mãe. Leitor ávido, mas só por autores nacionais. Era um brasileiro e batateiro nato!
A fábrica ao lado da casa em que morávamos foi o palco de nossa infância.
Nossas brincadeiras junto a ele, de esconde-esconde, dentro dos guarda-roupas, nas pilhas de madeira ou sob o cavaco.
Na praia, para onde íamos quase todos fins de semana, fazíamos grandes castelos de areia, corridas de atletismo, jangadas no mar, pesca com o picaré, caça as rãs... ensinou-nos a pegar os siris, sem medo de suas pinças. A não ter nojo de limpar e comer tudo o que pescávamos.
Ostras? Pegávamos nas pedras com a ajuda de facas e martelos e as comíamos ali mesmo com um pouco de limão e um gole de vinho branco.
As festas....ah...as festas...sempre doces recordações com muitas saudades.
Na Páscoa, as caminhadas pela mata para trazer flores da época da quaresma para fazermos os ninhos do coelho. Cada filho o seu, tentando superar em beleza o do irmão.
Em junho, a preparação meses antes dos balões (costume permitido na época), a grande fogueira no quintal, com a quadrilha sendo acompanhada ao acordeom por minha mãe, os quentões, pipoca, bolo de fubá, batata doce nas brasas…etc...
No Natal, a casa toda decorada por ele, nos engajando em tudo, finalizada por ele vestido de Papai Noel distribuindo os presentes, enquanto minha mãe tocava músicas natalinas ao piano,
Ano Novo...champagne estourando junto aos fogos de artifício comprados na Loja da China em São Paulo.
Alberto e minha mãe Odette, foram sempre muito alegres, transmitindo a nós os filhos muita força e coragem para enfrentarmos todos os momentos difíceis da vida.
Suas histórias...seus “causos”...sua alegria...
Tudo isso já contei aqui na coluna em tempos atrás. Souberam construir uma vida que nos deu um bom padrão para vivermos, mas nunca esquecendo de contribuir para com o próximo.
Meu pai partiu no dia 2 de novembro de 1979. A fábrica, sob a direção de meu irmão Ronald, sobreviveu por mais de 50 anos.
Não choramos pelos que já partiram, mas relembramos e comemoramos os doces momentos que tivemos ao lado deles. Meu Theobaldo, pai de meus três filhos, lhes transmitiu todo amor que estes meus queridos hoje transmitem aos meus netos. Assim é o rodar da vida...as lembranças e exemplos permanecem...
Pai...continue junto a nós...
Parabéns aos pais que me acompanham... Um abraço...Didi

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