06 May 2024

Publicado em DIVANIR BELLINGHAUSEN
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   Nos fazia andar sobre gradis, nos equilibrando, segurando nossa mão. Mais tarde, por conta própria. Em frente à casa havia um muro com uma grade decorativa. Cortávamos caminho, da escada e o portão, pulando o muro. Uma vez eu estava com uma sainha de lã, e fiquei presa num arabesco da grade. Gritei e um vizinho da frente veio me socorrer. Na frente da casa, a grande escada tinha nas laterais, uma mureta com pedras enceradas. Pergunta se alguém a descia pela escada...
   No quintal tinha uma parte com bambus. Meu pai, com seu 1,80 mts, ia fazendo uma escada com seus braços, e nós íamos subindo até onde o braço dele alcançava. Prendíamos os joelhos no bambu e abríamos os braços. Temos até as fotos.
   Uma vez por ano ele comprava um caminhão de uvas, e mais as que colhíamos no quintal, e as amassávamos nas tinas, depois de lavar os pés. Depois ele comprou o amassador próprio. Junto com meu avô português Tavares, a família fazia o vinho. Quando eu já estava namorando para casar, o Theo foi ajudar a engarrafar. Seu trabalho era arrolhar. Deram tanto vinho para ele experimentar, que quando percebemos ele tinha arrolhado várias garrafas vazias...rsrs...Meu pai fez ele desfazer tudo...
   Nos fins de tarde, ainda sem TV, jogávamos jogos infantis com dados, damas e baralho. Quando menores, “burro que fica em pé”, ‘’rouba monte”... depois fomos aprendendo buraco, canastra um pouco de pôquer. Truco eles jogavam, mas nós, meninas, não.
   Na sexta feira era dia de fazer pastéis no fim do dia. Enquanto minha mãe fazia aos recheios, variados, meu pai as massas e nós íamos abrindo na máquina. Na mesa da copa. Depois os recheávamos e meu irmão era o responsável por fritá-los. Sempre aparecia um vizinho ou amigos, que sabendo, vinham come-los com a gente. Sempre tinha um novo visitante, e para ele meu pai já reservava um pastel recheado de algodão. Eram 70-80 pastéis. O que sobrava ficava no forno para nós os comermos frios no dia seguinte. Eram de palmito, carne, camarão e os doces de queijo e goiabada e banana. Hannn… e quando nós ficamos maiores, tínhamos uma caipirinha bem fraca, e depois meu pai dizia: Quem quiser cerveja, é só cerveja. Quem quiser vinho, é só vinho. Faz mal misturar!
Em seguida, jogatina...rsrss
   Aí chegou a TV. Nos espalhávamos nos sofás da sala, seguindo os poucos programas. Eram da TV Tupi, da Paulista e da Record. A Tupi sempre a inovadora. Fins de semana íamos à tarde para o Rio Grande: Riacho Grande. Simplesmente para ver a natureza ou às vezes pic-nics sobre a toa-lha no chão.
   Em solteiro ele foi campeão em saltos na piscina do Aramaçan. Meus pais eram apaixonados pelo mar. Assim em 1948 terminaram a casa na Praia Grande, perto do Forte, que até hoje está lá, entre dois prédios. Fiquei sabendo que o dono só modificou a fachada. É uma imobiliária. Por dentro a mantêm idêntica à planta original. Meus pais nos ensinaram a nadar, furar onda e nos defender do mar.
Lá meu pai nos ensinou a passar o picaré, pegar os camarões enormes no rio, com a peneira. Em dias chuvosos, pegar rãs nos charcos. Primos e amigos iam junto. No dia seguinte tínhamos, sob a supervisão dele, limpar para minha mãe preparar para o almoço. Até hoje não sei como ela dava conta, levando tudo na brincadeira, mas cada um de nós, tinha sua tarefa. Nunca reclamando.
Castelos na areia, imitação de viadutos da Via Anchieta, corridas com obstáculos e com sacos, saltos em distância... tudo com a praia deserta. O asfalto era do Boqueirão na rua que ia até o Forte. (Continua)
Um abraço, Didi

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