02 May 2024


Família Setti Braga e o transporte coletivo no ABC - 111 anos

Publicado em Luiz José M. Salata
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Relembrando as origens da história dos transportes coletivos na região do ABC, cabe destacar no caso como tudo se iniciou pela vinda das famílias italianas para o Brasil. Tal fato se deu pela grave crise social na Itália, quando da expulsão dos austríacos do pais cujo movimento denominado Unificação da Itália, ensejou nova vida aos italianos praticamente com a libertação. Contudo, com muitos problemas para o reerguimento da população decorrente de grave crise social e financeira. A ideia então era a vinda para o Brasil, de muitas famílias e grupos de italianos, mas principalmente do Veneto e Lombardia, consideradas as regiões mais afetadas pelas destruições impostas pelos austríacos, em represálias pela expulsão deles. E,  assim, por terem sido as últimas regiões a serem desocupadas, com os saques  das lavouras e construções nas cidades. Então, muitas famílias se entusiasmaram e decidiram a vinda para o Brasil, apesar das dúvidas e da tristeza de deixar a terra e os entes queridos, para tanto declamavam assim: “...Itália bela, mostre-se gentil/e os filhos seus não a abandonarão /senão, vão todos para o Brasil, /e não se lembrarão de retornar...” Com isso, dentre o  segundo grupo  de italianos que  para São Bernardo vieram, no navio Le Sully, aportado em Santos, nos primeiros dias de janeiro de 1878,  no caso o casal Giuseppe e Benvenuta Setti, com os filhos menores, Pedro com quatorze anos, Italo com dez anos e Adelelmo com sete anos. Originados da comune de Poggio Rusco, às margens do rio Pó, província de Mântua, regione da Lombardia, a família foi instalada em um lote do Núcleo Colonial da sede, localizado na mesma rua onde ainda hoje residem os familiares dos pioneiros. Ainda, receberam outro lote situado na zona rural, para exploração na agricultura, o que foi objeto de cumprimento da combinação para a vinda da família para tal ocupação com a exploração das terras produtivas. Com o tempo, Giuseppe que na Itália era agricultor e também praticava serviços artesanais em couro, confeccionando calçados, selas e rédeas, passou a fazer tais tarefas, e Benvenuta cuidava da casa e dos filhos, os quais, Pedro e Italo exploravam armazém de secos e molhados, louças e ferragens. Já Adelelmo tinha carros de aluguel que eram puxados por animais destinados ao transporte de passageiros e  de mercadorias em geral, os chamados tílburis e também carruagem com cobertura. Então, a história da comemoração dos 111 anos dos transportes coletivos da família Setti, ora se inicia, pois a partir do ano de 1910, os irmãos Pedro, Italo e Adelelmo se uniram e passaram a explorar essas atividades, dentre outros locais diversos da região, e mais principalmente do ponto da Rua Marechal Deodoro  para a Estação São Bernardo, esta à época era a denominação da Estação Ferroviária de Santo André. Os carros eram puxados por animais para uso de passageiros e também destinados para transporte de mercadorias, dentre elas carvão e lenha. No ano de 1897, Adelelmo casou-se com Maria Pasin, e tiveram cinco filhos, sendo João, o mais velho e no tempo já muito aficionado por veículos e pela área de transporte público. A partir de 1920, já com o uso frequente de automóveis os Irmãos Setti passaram a vender óleo e gasolina, cujos produtos eram depositados em tambores e consumidos nos carros que se dirigiam para São Paulo e Santos, inclusive com a instalação de uma bomba de gasolina da marca Shell na Rua Marechal Deodoro. Com o progresso na região, no ano de 1925, com o movimento de locomoção de pessoas  na região tendo aumentado consideravelmente, o que ensejou a necessidade de ampliar a demanda de veículos para atendimento às pessoas que se dirigiam para as diversas regiões. Pois, se tratava da única opção de condução de aluguel a percorrer tal trajeto. Assim, de uma jardineira parecendo um ônibus de madeira, com frente semelhante a um caminhão, foram ampliando o número de veículos a combustível visto a crescente procura das linhas para locomoção de pessoas. A principal rota continuou a ser a linha de ligação do centro de São Bernardo e a estação de trem  de Santo André, atual CPTM, muito procurada e assim bem lucrativa, sendo a primeira e portanto pioneira nessa atividade. Cresceu comercialmente rápida e gradativamente, dominando esse mercado na época, ficando assim constituído o primeiro grupo empresarial do setor em toda a região do Grande São Paulo. Com tal cenário empresarial muito bem alicerçado, o grupo familiar bem organizado, sendo pioneiro se tornou o principal nas atividades dos transportes. Já no ano de 1947, com o casamento de Maria Mirths, filha de João Setti, com José Fernando Medina Braga, resultando na plena integração deste na área empresarial, inclusive culminando com a criação da Auto Viação ABC, com o sogro João Setti, no ano de 1956, portanto alcançando os sessenta e cinco anos das atividades no transporte público regional. A Viação ABC é a proprietária da Metra que opera o Corredor Metropolitano São Mateus - Jabaquara, ora em fase de fusão empresarial. Como também da SBC Trans, Viação Cacique, Diastur Turismo e Empresa de Transportes Publix, além de outros diferenciados empreendimentos. O grupo empresarial se encontra envolvido com a fusão dessas empresas para exploração do BRT, a ser implantado gradativamente visando a reformulação dos transportes no ABC/Capital, denominado setor integrado de transportes, com a denominação de Next Mobilidade, a qual abrangerá toda essa área. A família Setti e Braga detém toda a participação no empreendimento, através dos seus Diretores: João Antonio Setti Braga, Maria Beatriz Setti Braga, Milena Braga Romano e José Romano Neto, e de todo o grupo do quadro de funcionários muito participativos e que certamente continuarão a manter toda a vitoriosa história empresarial familiar, honrando assim a comemoração dos cento e onze anos de existência dos transportes coletivos no ABC, e os sessenta e cinco anos de fundação da Auto Viação ABC. Cabe um reconhecimento especial aos pioneiros: Adelelmo Setti, João Setti, Maria Mirths Setti Braga e José Fernando Medina Braga, por terem forjado e constituído desde os tempos idos tão fenomenal empreendimento. Os merecidos cumprimentos a todos pela linda história.            

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