04 May 2024

Publicado em DIVANIR BELLINGHAUSEN
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De manhã eu me levanto, passo meu creminho no rosto, faço uma leve maquiagem, passo um baton, ponho um perfume...digo que é para tirar o cheiro de cocô, mas não cheira não... kkkkkk fica tudo fechado na bolsinha, é só para dar um toque na gente de perfume.
E assim eu estou tocando a vida. Como e até quando, eu não sei. Meus queridos têm se revezado aqui nos finais de semana (cada vez um filho ou neto), fazem as compras para mim e deixam tudo organizado e pronto aqui para as meninas cuidarem de mim.
Eu não tenho tido muito acesso às coisas aqui da minha casa, não me levanto da cadeira sozinha. Então quero ver um armário, que coisas eu tenho, é só com a ajuda delas que estão sempre correndo para deixar tudo em ordem pra mim. Televisão fica ligada o dia todo. Às vezes vejo Netflix, me distraio com isto, não me distraio com muita coisa. Quando o tempo está melhor, dou uma volta lá embaixo, sempre com o apoio delas que falam para eu não pegar ainda uma cadeira de rodas porque precisa forçar o corpo para tentar segurar as pontas, mas talvez fosse mais fácil para eu me locomover.
Os filhos são ótimos, dos netos o que está mais presente é o Daniel que comprou uma cadeira para eu pedalar e fazer exercícios nas pernas, ele é preocupado comigo, é meu filho mais novo neh? Criei e é isso aí.
Já conversei com os filhos que não sei quando vai chegar a minha hora porque a minha vida é longa neh? Não quero que tenha velório, só que coloquem que faleceu e será cremada. Tenho certeza que fariam uma maquiagem em mim que me deixaria uns 20 anos mais nova (que eu nem tenho quase rugas), mas para quê? Iam ficar me olhando e falando “ai eu não a via há tantos anos”. Quem tinha que me olhar e visitar já foi. Amigos de tantos anos falam que queriam me ver, mas não aparecem. Vai fazer o que neh? Um caixão fechado... Não quero. Assim, quem gostou de mim, quem me amou, veio me ver (poucas pessoas). Quem não pegou na minha mão antes, com carinho, não precisa pegar depois.
Quanto ao meu desejo de ir para a faculdade para doar o corpo, já sei que não é possível. Então está bom, só quero ser cremada. Como meu neto perguntou “E joga as cinza onde?” Eu respondi “Em qualquer lugar” e ele disse “Ah no seu jardim não vou jogar porque eles não cuidam direito, vou jogar no mar”. Eu concordei e ele completou dizendo que irá jogar num dia de Carnaval. E a conversa continuou comigo dizendo “Ótimo porque todo mundo pisa na areia e eu fico enterrada num lugar que eu gosto muito”. Gostei muito!
São essas coisas boas que a gente deixa na vida. O amor de todos, o carinho...

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