Há muitos anos, nós, frequentadores do Centro de Memória de São Bernardo, convivemos com o amigo Marotti, hoje com 89 anos, a dirigente do Centro, Carina de Azevedo Marques, junto ao historiador Jorge Jacobine, em conversa com uma das filhas do Sr. Luís, souberam da tristeza dele no mês de junho, em não poder ensaiar as suas famosas quadrilhas juninas. Assim, propuseram a alguns amigos, fazermos uma live surpresa. Convidaram então, Célia e Gilmar Guesner, Evani Bellettato de Moras e eu, para junto a eles,batermos um papo com o Marotti.
Marcamos o encontro. Foi no dia 4 de julho de 2020. Às 14 horas já estávamos reunidos. Após as apresentações, onde conhecemos a esposa e as filhas do Luís, foram feitas perguntas a ele pelo Jorge sobre a sua infância, juventude, sobre seu orgulho em ter participado durante muitos anos da Procissão dos Carroceiros, com sua bicicleta com o altar para a Nossa Senhora da Boa Viagem (confessou que começou com a imagem de São Pedro) , inclusive nos mostrou a bicicleta, pronta para os festejos no mês de setembro, que isso é tradição na sua família, pois seu pai participava dirigindo uma motocicleta. Lembrei que eu adorava qdo ao longe já ouvia o ranger das rodas dos carros de bois, que mais pareciam um choro ao longe.
Bom, prosseguindo, foi perguntado quais as fábricas de móveis em que tinha trabalhado até sua família formar a própria.
Aí então sobre seu sonho maior. Há muitos anos começou a formar a quadrilha junina no Clube Alameda Glória, vizinho de sua casa. O clube passou a ser a extensão de seu lar. Todos os anos se apresentavam em clubes do estado levando quase sempre o primeiro lugar. Assim, na sede tem um espaço onde estão expostos todos esses troféus. E foi ele que então, começou a fazer os ensaios na Casa da Memóriade nossas apresentações, na última quarta-feira do mês de junho, nossa festa junina, ou caipira, com quem do grupo que quisesse participar. Temos, principalmente pessoas com mais idade, os memorialistas, alguns casais, outros que vão sozinhos, viúvos etc. Todos arranjam um par e lá vamos ensaiar. Nisso já damos boas risadas. Ele apresenta os noivos, o Padre, sempre o impagável João de Deus, e o casório que segue com todos em festa. A satisfação do Marotti é muito grande. Ele depois da seriedade do ensaio, fica só sorrisos. E no final os comes e bebes típicos das Festas Juninas.
Lembrei então de um amigo que vai só, e não perde nossas reuniões e ao dançar a quadrilha, disse que era a primeira vez na vida que se atirava a fazer isso. Que alegria!
Estou fazendo esta matéria, e relembrando esses momentos. E chegou novamente o dia da Procissão da Nossa Senhora da Boa Viagem, a Padroeira da cidade. Foi no dia 6 passado. Sempre é comemorada no primeiro domingo do mês. Eu estava na casa de meu filho em Cotia, mas a Hilda Breda me transmitiu como foi feita a procissão. Houve uma missa ao ar livre e após uma carreata pelos bairros centrais da cidade. Até apareceram uns cavaleiros. Assim como a tradicional Festa de São Bartolomeu, o dia foi lembrado, com os participantes usando suas máscaras e isolados dentro de seus veículos.
Enfim, essa fase da pandemia que está demorando a passar, os nossos encontros mensais nos fazem muita falta. Temos saudades do contato com esse grupo de memorialistas, que nos traz à tona, centenas de memórias de nossa vida que estavam adormecidas.
P.S. - Este ano, não foi possível  Luizinho Marotti sair na Procissão dos Carroceiros com sua bicicleta como faz há muitos anos.  Nestes tempos de pandemia, a  solução  foi uma carreata  realizada no lugar da Procissão  e ele  foi até a rua bem pertinho de sua casa, com sua bicicleta para homenagear a passagem da santinha , marcando assim, sua participação nesta festa  tradicional.
Saudades.....Didi