20 Apr 2024

Publicado em TITO COSTA
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Atendendo pedido de um leitor, reproduzo crônica sobre  as “ausências demoradas”.  Sinto-me gratificado por saber que há leitores para meus escritos.
As tais ausências são lembranças de entes queridos que se foram deixando um vazio e muita saudade. Grandes poetas e prosadores já falaram de saudade.  É assunto inesgotável, cada um, poeta ou não, sentido-a de forma diferente. Tenho em minhas anotações esta curiosidade: “A saudade é um parafuso que quando na rosca cai só entra se for torcendo porque batendo não vai. E quando enferruja dentro nem distorcendo  não sai”.
O poeta Fernandes Soares, saudoso amigo, deixou-nos verdadeira relíquia num pequeno-grande livro  “Cancioneiro da Saudade”  (edição 1959/SP). Entre tantas, diz ele: Saudade, velha canção/saudade, sombra de alguém/que os tempos só levarão/se me levarem também”. Mineiro de Uberaba, Fernandes Soares viveu grande parte de sua vida em São Paulo. Cursou a Faculdade de Direito da USP, mas dedicou-se ao jornalismo e ao magistério lecionando Português nos melhores colégios de São Paulo. Sua figura e seus poemas são para mim saudade permanente.
Paulo Bomfim. Paulista quatrocentão,  é  o Príncipe dos Poetas Brasileiros.  Amigo querido, tem escrito sobre saudade com aquele conhecido sentimento e o modo especial de falar bonito de coisas simples e bonitas. Um dos seus últimos textos publicado na Tribuna do Direito (infelizmente extinta) tem o título “Viajando”: viajando nas recordações e na saudade.
Lembra ele os cafezais de fazendas da família, o trem de ferro, a avó Zilda, impaciente com a sua demora (está viajando na saudade, custará a chegar...), mas, arremata: “Ninguém indaga o que fizera de minha vida, todos sabiam que eu voltaria com a infância de cabelos brancos”.
O  professor Thales de Andrade (saudoso, saudade), piracicabano, escreveu delicioso repositório de lembranças no livro “Saudade”, que líamos em aulas no Grupo Escolar de Torrinha, encantados com a ternura de suas recordações. Ele conta a estória de sua infância na Fazenda da família, em Piracicaba, que seu pai vendeu e foram morar na cidade, todos tristemente saudosos.
Outro saudosista Saulo Ramos, advogado brilhante,  poeta,  ministro da justiça no governo Sarney.  Deixou-nos, o livro “Código da Vida” (SP/ed. 2013), autobiográfico, e nele inseriu o “Poema a meu Pai”.  Não transcrevo aqui o texto, que não cabe neste espaço, mas tão só, o seu final: lembrando que ele e o pai eram dois incansáveis andarilhos  “através de velhice e mocidade”. E arremata com esta chave de ouro “... e é tão imenso o amor que nos repete/que nasceremos juntos em meus filhos/e chegaremos um na eternidade”. Poetas sabem dizer coisas bonitas, inesquecíveis.

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