19 Apr 2024


Sociedade “Anti-depressiva”

Publicado em Editorial
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Ansiedade: Sentimento e sensação de intranquilidade, medo ou receio. Estado emocional frente a um futuro incerto e perigoso no qual o indivíduo se sente impotente e indefeso. Ou ainda, sofrimento físico e psíquico; aflição, angústia, nervosismo. (Fonte: Dicionário Michaelis). A ansiedade faz parte do ser humano desde o momento em que saímos da barriga da mãe. Choramos, desesperadamente, por “n” motivos, sendo um deles, a fome e a ânsia pelo leite materno. Ao longo da vida, crescemos, apreendemos, evoluímos e o sentimento ansioso continua sempre conosco. Ansiedade pela nota da prova, pelo recreio, pelas férias, início das aulas, pelas compras de materiais, para dormir na casa do colega de classe e por ai vai. Em seguida, a cobrança para ir bem no vestibular, apresentar uma tese ou arrumar o primeiro emprego. Não tem jeito, sempre nos sentimos ansiosos pelos resultados ao longo da vida. Isso é natural do ser humano. Tão comum, que passou a não ser mais aceito como “ponto fraco” numa entrevista de emprego. Afinal de contas, quem não é ansioso? E tem como não ser? E a situação econômica do país?, que como dizem “não tá fácil pra ninguém”, e a Reforma da Previdência? E as incertezas políticas e econômicas e o desemprego? Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil tem a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade do mundo e o quinto maior com depressão. O Brasil é o campeão da América Latina, com 9,3% da população com algum tipo de transtorno ligado à ansiedade, como ataques do pânico, fobias e transtorno obsessivo compulsivo. A taxa é três vezes superior à média mundial. Outro mal, considerado o “do século”, é a depressão. Segundo a OMS, o número de pessoas com depressão aumentou 18,4% nos últimos dez anos. Os números levam o Brasil ao patamar de país mais deprimido e ansioso da América Latina. Com isso, o uso de anti-depressivos quase dobrou no país nos últimos cinco anos. De 2013 a 2014, o número de vendas de tais medicamentos era de 47 milhões de comprimidos. De 2017 a 2018, a venda foi de cerca de 71 milhões. O uso do medicamento se tornou popular, mesmo em casos em que médicos nem chegam a diagnosticar o paciente com depressão. Tão popular que, nos dias atuais, não é preciso nem mais ir a um psiquiatra para sair de uma consulta médica com uma receita de “anti-depressivo”.  Uma simples queixa de estresse, insônia ou nervosismo e... pronto! Anti-depressivo nele! O considerado regulador de humor virou regulador da vida. E então, o paciente passa a acreditar que não há vida sem anti-depressivos. E assim, caminha a humanidade, cabisbaixa e com o humor “controlado” por um comprimido. 

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