Em cartaz até domingo (12) de maio, a USCS (Universidade de São Caetano do Sul) realiza, no auditório do campus Centro (Rua Santo Antônio, 50, Centro), o espetáculo "Dois pra Lá, Dois pra Cá e Uma Pausa de Mil Compassos". As sessões ocorrem aos sábados (18h e 20h) e domingos (18h), a entrada é 1kg de alimento não perecível.

Realizado pela Cia Grite de Teatro/USCS e RN produções Artísticas, o espetáculo constrói uma dramaturgia a partir dos principais acontecimentos que marcaram o Brasil e o mundo nos últimos 55 anos em espetáculo inédito.

É um espetáculo de dramaturgia coletiva que se apossa de longa pesquisa sobre fatos históricos, culturais e políticos para construir um panorama possível dos nossos caminhos como sociedade entre os anos de 1968 e 2023.

Em cena, são 18 quadros, que narram de forma sucinta e profunda como as vidas de pessoas comuns foram afetadas pelas mudanças que o tempo impõe. As cenas formam uma colcha de retalhos de fatos e de vidas; recortes alinhavados que são partes de um todo maior. Brasileiros de classes sociais variadas, de necessidades e construções sociológicas diversas, são os alvos da investigação teatral para a compreensão das posturas, das ações, dos medos, das inércias e das emoções de cada vida diante da história.

A ação se inicia em maio de 1968, de como as emblemáticas manifestações que tomaram a França interferiram na vida de dois jovens brasileiros. No Brasil, segue-se investigando o espanto que a tecnologia causa em uma menina de sete anos e seu pé de cambucá; o embrutecimento da ditadura militar; chegamos ao tri campeonato de futebol; a abertura política; o movimento das "diretas já"; a efervescência cultural do início dos anos 80; o horror da AIDS; a primeira eleição para presidente; o avanço da internet; o homem diante da tecnologia; os anos 2000; as expectativas de futuro; a pandemia do novo coronavírus; e, ciclicamente, retorna-se aos jovens de maio de 1968, agora com 71 anos de idade. Eles funcionam como um espelho do que as pessoas são ou se tornaram. Trazem na alma os medos e todas as suas contradições.

"Dois pra Lá, Dois pra Cá e Uma Pausa de Mil Compassos" não traz respostas. Não afirma. Mas, questiona. Provoca reflexões e compreensões possíveis de tantos fatos e momentos, sempre buscando estabelecer perspectivas diversas e um jogo dialético entre a cena e o espectador.

Como diz a personagem, de 2023 para 1968, "Será que eu fui muito egoísta?" Será que fomos? O que fica é um tempo onde precisa-se encontrar um novo ritmo para a sua dança. O famoso "dois pra lá, dois pra cá" já não dá conta dos novos movimentos que o futuro trouxe e que já estão.