23 Apr 2024


As origens de Candido Portinari desde a Itália (I)

Publicado em Luiz José M. Salata
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Os imigrantes italianos Giovan Battista Portinari e Domenica Torquato, originados da comune de Chiampo, Província de Vicenza, Regione do Veneto, na Itália, emigraram para o Brasil, nos fins do século XIX, visto a grave crise imposta pela situação calamitosa que se encontrava o país mercê da estagnação desde a expulsão dos austríacos. Atravessaram o Mediterrâneo e o Atlântico com suas respectivas famílias e se dirigiram para a região de Ribeirão Preto, já considerada como a capital do café, no caso perto dali em Brodowski, ele com treze anos e ela com seis anos. Após certo tempo de adaptação, com os respectivos familiares originados da mesma comune e formando a colônia italiana da região, se casaram cedo, instalando-se na Fazenda Santa Rosa, localizada na zona rural. Vale dizer que, nessa época relembrando o início do século XX, ocorreu um grande movimento da vinda dos italianos para o Brasil, principalmente para atender a crescente demanda da mão de obra para os trabalhos nas fazendas de café, dos estados de São Paulo, do Sudeste e Sul. Tal ocorreu, pois após a libertação da Itália, em 17 de março de 1861, visto a ocupação da Áustria desde 1814, cuja inusitada e irregular situação causou um grande atraso material e moral para a população. Com a libertação os italianos tiveram a expectativa de que poderiam tomar um rumo para o impulso do progresso e desenvolvimento após quarenta e sete anos de ocupação, sendo a grande aspiração. Contudo, as batalhas armadas para a expulsão dos invasores provocaram a destruição das cidades e seus prédios imprescindíveis para a pronta recuperação social, material e de trabalho, pois durante as lutas armadas os italianos se viram tolhidos para manter a conservação e manutenção das lavouras, para fornecimento da produção agrícola para a população. As escolas, igrejas e prédios públicos e privados foram muito atingidos, principalmente no Veneto, regione onde moravam Domenica e Giovan Battista, cuja região a primeira ocupada pelos austríacos e, a última a ser libertada, padecendo portanto de grave vivência de estagnação, que se prolongou aos tempos daquela época. Os italianos procuravam então uma solução para tão grave situação, tentando um caminho para indicação do rumo a ser tomado. Veio então a oportuna ideia da emigração italiana que se iniciou com as tratativas de D. Pedro II, Imperador do Brasil, ao Rei Vittorio Emanuele II, da Itália, que eram primos, situação que muito favoreceu para as providências da emigração dos italianos para o Brasil, para colocação das famílias necessitadas para o mundo novo como diziam e, para os brasileiros a solução da lacuna da mão de obra pela libertação dos escravos. Pois bem, o casal bem se adaptou na fazenda Santa Rosa, pois Giovan Battista trabalhava nos serviços braçais na lavoura de café já considerado o ouro brasileiro, e Domenica cuidava da casa nas chamadas colônias a exemplo de outras famílias italianas. Nessas alturas já com dois filhos brasileiros, sendo o segundo que recebeu o nome de Candido, nascido aos 30 de dezembro de 1903, o casal no tempo teve mais dez filhos, totalizando doze a prole. O filho Candinho, era bem tratado pelas nonnas muito bondosas, Maria Torquato, mãe de Domenica, contava que ela tinha um grande avental com bolsos enormes, típico do costume italiano, e distribuía guloseimas aos netos e outras crianças e, do lado paterno a nonna Pellegrina, que sempre apregoava as origens de Firenze, onde na Galleria degli Ufizzi, tem um belo tríptico religioso, qual seja, uma obra de pintura composta de três painéis, apresentando pessoas da família do clã dos Portinari. Candinho recebeu esse apelido carinhoso por ter nascido com pequenos problemas de saúde e de aparência franzina, mesmo porque tinha uma das pernas mais curta. Particularmente, declaro a afinidade que tenho pela história de Candinho, pois a comune de Chiampo se localiza no pé da serra que leva a Altissimo, terra natal de Silvio Giuseppe Salata, meu avô paterno, distante oito quilômetros, e que ele rela-tava que os Portinari eram amigos e, por coincidência meu avô também emigrou para o Brasil, e as famílias se reencontraram em Brodowski, onde foram morar, tendo todos assim renovado a forte ami-zade. Quando fui conhecer a terra natal de meu avô, surpreendido me emocionei com a história contada, e por coincidência, ao passar por Chiampo para subir a serra, lembrei-me dos muitos momentos relatados dos dois mundos do então futuro gênio da pintura brasileira.    (Continua)            

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