25 Apr 2024

Publicado em Luiz José M. Salata
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Nasceu Anselmo Duarte Bento, o Anselmo Duarte, aos 21 de abril de 1920, em Salto – SP. Em sua infância criado de maneira simples, descobriu a magia dos filmes ao fazer alguns bicos no cinema da cidade, para molhar a tela de projeção para que não se incendiasse  ao calor do rudimentar projetor. Na adolescência, mudou-se para São Paulo, depois para o Rio de Janeiro, decidido a estudar e buscar uma carreira artística. Tentou muito, mas somente após a figuração no filme “It’s All True”, de Orson Welles, no ano de 1942, filme esse que não se completou à época, contudo provocou a sua vocação. Contando com a sua aparência esguia e seus traços viris, logo lhe renderam convites para o teatro de revista e para algumas cenas de filmes das famosas chanchadas. Em 1947, chamou a atenção do cineasta Alberto Pieralisi, que o convidou para ser o protagonista da comédia romântica – Querida Suzana, ao lado de Tônia Carrero e da estreante Nicette Bruno. O filme foi um sucesso e com o apoio das principais revistas, o país ganhou o seu primeiro “galã do cinema nacional”. Tal fato motivou a sua contratação pela Atlântida, já com nomes de conceituados astros, tais como Oscarito e Grande Otelo, além do diretor Watson Macedo, a quem Anselmo muito se aproximou. Em 1948, o italiano Ricardo Freda veio da Cinecittà para a Atlântida, dirigindo a obra - Caçula do Barulho, com Anselmo no papel central, introduziu as cenas de pancadaria inéditas no cinema brasileiro. Em 1949, já reconhecido como grande galã da Atlântida, contracenou com a atriz Eliana na chanchada – Carnaval de Fogo, filme dirigido por Watson Macedo, o primeiro como de ação policial e com cenas de suspense. O sucesso foi repetido no filme – Aviso aos Navegantes, de 1950. Com elevado conceito de ator e com a fama do mais famoso galã do cinema brasileiro, e com a Companhia Cinematográfica Vera Cruz, idealizada por Cicillo Matarazzo, em 1951, em São Bernardo, que pretendia transformá-la na Hollywwod brasileira, foi contratado para compor o rol dos atores, estrelando – Tico Tico no Fubá, que conta a história do compositor Zequinha de Abreu, com Tônia Carrero e Ziembiski. Nos estúdios da Vera Cruz é que fez o seu aprendizado de um cinema narrativo clássico, tendendo para o acadêmico, na busca de um melhor momento para realizar esse seu intento. Em seguida escreveu, produziu e dirigiu a sua primeira chanchada musical - Absolutamente Certo, de trama, romance, suspense, lutas marciais e extorsão, com Odete Lara e Dercy Gonçalves. Um sucesso. Entusiasmado foi a Cannes, na França, para pesquisar sobre o Festival de Cinema cuja realização se avizinhava. Em 1962, com a proposta do cinema clássico que adotou, daí surgiu – O Pagador de Promessas, uma adaptação de Dias Gomes, estrelado por Glória Menezes, Leonardo Villar, Dionisio Azevedo, Geraldo Del Rey, Norma Benguell, Othon Bastos, Antonio Pitanga, dentre outros artistas. O tema se resume na vida de Zé do Burro, que enfrenta a intransigência da Igreja ao tentar cumprir a promessa feita em terreiro de candomblé de carregar uma pesada cruz de madeira em longo percurso. Dono de um pequeno pedaço de terra no interior da Bahia, tinha um burro chamado Nicolau, e quando este adoece e não consegue fazer nada para a sua melhora, faz uma promessa  a uma Mãe de Santo para a recuperação, prometendo dividir igualmente sua terra com os pobres e assim carregará  uma cruz até a Igreja de Santa Bárbara. Com a recuperação, dá inicio à sua jornada e chegando à catedral de madrugada, o padre local se recusa a receber a cruz de Zé, pela consequência pagã em que a promessa foi feita, impossibilitando assim o pagamento da promessa. O fato criou um conflito e a policia é chamada para prevenção, mas com o confronto Zé acaba morto, e com isso os manifestantes colocam o corpo de Zé na cruz e ingressam à força na catedral, assim a promessa paga. Foi Em 22 de maio de 1962, no 15º Festival de Cinema de Cannes, na França, concorrendo com inúmeros filmes de destacados diretores, ganhou com o “Pagador de Promessas” a Palma de Ouro na categoria de Melhor Filme, um grande acontecimento que muito o elevou na história do cinema nacional e internacional. Porém, com o tempo e a mudança nos costumes do país, não recebeu a consideração necessária para justificar tão grande feito. Faleceu em 07 de novembro de l989, aos 89 anos, esquecido das suas glórias. Tive o prazer de conhecê-lo pessoalmente através do então Vereador Álvaro Domingues, seu amigo particular de tantos anos e que o levou ao meu escritório onde tivemos um bom diálogo e eu muito feliz pela surpresa e o reconhecimento de um grande cineasta. Lamentavelmente não se falou mais na Palma de Ouro.

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