18 Apr 2024

Publicado em José Renato Nalini
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Chesterton (1874-1936), um dos célebres convertidos do século 20, era um crítico de muitas práticas estabelecidas. Uma delas, o processo educativo. Achava que o ensino em sua época era uma verdadeira violência intelectual feita à criança. Não que muita coisa tenha mudado desde então.  
Mas é interessante acompanhar seu raciocínio.
Afirmava: “O ponto principal é que o Homem faz o que quer. Reivindica o direito de controlar sua mãe Natureza, reivindica o direito de fazer seu filho, o Super-homem, à sua imagem. Basta fugir a essa criativa autoridade do homem para que toda a corajosa incursão a que chamamos civilização vacile e desmorone”.
O problema é que o ser humano é medroso. Não suporta assumir responsabilidades. Tem um pavor por “essa medonha e ancestral responsabilidade que nossos pais nos transmitiram quando deram o desvairado passo que os tornou homens. Refiro-me à responsabilidade de afirmar a verdade de nossa tradição humana e transmiti-la com voz firme e cheia de autoridade. Eis a educação perpétua: ter suficiente certeza de que algo é verdadeiro a ponto de chegar à ousadia de conta-lo a uma criança”.
O dever audacioso de dizer a verdade não é enfrentado pela maioria das pessoas. Para Chesterton, “é claro que isso está ligado à decadência da democracia”. O Estado, controlado por uns poucos, “permite que excentricidades e experimentos entrem diretamente nas salas de aula, sem jamais terem sido submetidos à apreciação do Parlamento, dos pais, da Igreja, das praças públicas”.
Repito e não me canso de dizê-lo: a educação é algo muito sério para ser deixado exclusivamente ao arbítrio do governo. Os autênticos educadores precisam resistir a uma espécie de estrondosa catarata burocrática de normas e requisitos formais. Enquanto isso, a falta de transmissão de polidez, de civilidade, de empatia, de compaixão, de consideração e respeito pelo próximo, faz com que não se aprenda o elementar nas cartilhas, mas se decore o Código Penal atrás das grades.
Continua oportuna a advertência de Chesterton: uma escola moderna não deveria ser apenas mais clara, aprazível, engenhosa e veloz do que a ignorância e a escuridão. Mas precisaria ser um lugar de acolhimento, do qual o egresso teria saudades, não espaço de angústia, sofrimento e suplício. Continuar a fazer o mesmo é o atestado eloquente da tola vaidade dos homens.

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