19 Apr 2024

Publicado em José Renato Nalini
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Não é novidade concluir que a indústria brasileira perdeu o supersônico da História e não recuperará o tempo perdido. Enquanto dormíamos, ou cuidávamos das mesquinharias que distraem os políticos profissionais, o mundo investia em pesquisa e dominava a tecnologia de ponta. Como não há progresso “per saltum”, não adianta chorar.
Os lúcidos sabem disso. Recordo-me do que me disse o então Secretário da Fazenda do Estado, HelcioTokeshi, sobre a situação da indústria paulista. Ela foi concebida como produtora de insumos para outra indústria, a destinatária final. Não se atualizou e as plantas que chegam hoje ao Brasil não necessitam de “um parafuso” da indústria bandeirante.
O prognóstico era sombrio. Os dois primeiros anos do governo que se elegeria seriam de penúria e os dois últimos, se não houvesse um milagre, de miséria e convulsão social.
Desatentos, aqueles que poderiam ao menos minimizar os catastróficos efeitos dessa estagnação continuaram a cuidar de seus próprios interesses. E a FIESP, em conjunto com o SENAI, realizou uma pesquisa em 2018, apurando que 32% dos empresários entrevistados não sabem o que é a Quarta Revolução Industrial. O Brasil está fora da economia mundial, sem a mínima relevância nas áreas-chave da Indústria 4.0.
Apenas 5% das empresas brasileiras se consideram preparadas para os desafios contemporâneos, enquanto 23% se acham “nem um pouco preparadas”. A OCDE, onde nosso ingresso foi recusado pelos Estados Unidos, já avaliou que o Brasil é um país que quase nada forma em áreas de tecnologia, engenharia e matemática. A desistência nos cursos de graduação em tecnologia alcança trágicos 70%.
Faltou levar a sério a educação, tida como sorvedora de recursos, quando deveria ser compreendida como investimento no amanhã. E agora?
O único espaço que o Brasil, se tivesse juízo, exploraria com chances reais de sucesso é o turismo. Temos orla litorânea das mais belas do mundo. Clima ainda favorável, enquanto não se queimar a última árvore da Amazônia. Também não contamos com vulcões, terremotos, tsunamis, tudo aquilo que outras nações enfrentam com galhardia, sem deixar de cuidar da qualidade de vida de seus cidadãos.
Mas falta infraestrutura, falta propiciar a formação de gente qualificada, que não seja monoglota e que trate o turista como o mundo civilizado o faz: é ele que sustenta uma nação que já não tem o que oferecer ao planeta, senão as comodities produzidas pela “salvação da lavoura”, que é o agronegócio.
E cuidar da segurança pública. A cada notícia de que um turista foi assaltado ou morto, aqueles milhões de turistas que se acotovelam em Paris, Lisboa, Roma, Barcelona, Viena ou Amsterdam, preferem ficar longe desta terra tão exótica, mas tão violenta.
Se não acordarmos depressa, nem o turismo poderá nos salvar.

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