24 Apr 2024


As contradições da pandemia

Publicado em Editorial
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A pandemia do novo coronavírus transformou muitos aspectos da vida. Desde a rotina de trabalho até a relação com a família e amigos. Foram mais de dois anos com restrições e mudanças, as pessoas foram colocadas em situações diferentes do que estavam acostumadas. Como desdobramento, veio a crise global e, com ela, várias reflexões sobre consumo, saúde e qualidade de vida.
Em meio a todas as mudanças, muitas pessoas pararam para refletir: Como estamos vivendo nossas vidas? O que é realmente importante e essencial para viver bem?
Antes da quarentena, muitos aproveitavam o tempo de lazer, viajando ou desfrutando algumas horas em bares, shoppings, lojas, livrarias, restaurantes e cafés. Durante a fase mais rígida da pandemia, todos foram forçados a buscar o lazer e o prazer em suas próprias casas. Então, muito foi dito sobre como pequenas coisas podem trazer grande satisfação. Mas, passado o momento mais crítico, as pessoas ainda continuam ficando em casa e aproveitando ou vendo graça nas pequenas coisas para obter satisfação?
Também foi questionado sobre a rotina frenética do consumo e a compra de supérfluos. Houve redução drástica durante o fechamento de muitos pontos comerciais e as restrições em vários supermercados no país. Mas, será que hábitos sustentáveis, menos consumistas foram efetivamente incorporados pelas pessoas, com o arrefecimento da pandemia?
A experiência de compra também se tornou cada vez mais digital. As idas ao mercado foram substituídas por pedidos por delivery. Muita gente passou a divulgar seus produtos e serviços online, através das redes sociais e dos aplicativos. Também, muito foi dito sobre o apoio aos pequenos negócios locais. Contudo, esses hábitos de comprar produtos no pequeno comércio se perpetuaram? Ou assistimos, cada vez mais, a preferência por grandes e poderosas redes do varejo? Por exemplo, onde comprar a ração do seu pet? No pequeno pet shop perto de sua casa ou num grande templo do mundo pet, ainda que o preço seja mais elevado? O produto é o mesmo. Há empatia ou vontade de ajudar o pequeno comerciante, mesmo?
A mensagem mais importante que a pandemia trouxe à luz da reflexão diz respeito à empatia com o outro, não importa quem ele seja. O combate ao coronavírus deixou claro como os pequenos cuidados diários e como os gestos individuais podem impactar o bem-estar coletivo. Se a empatia e a solidariedade ficaram mais afloradas durante a quarentena, será que elas ainda continuam?
A pandemia quase chega ao fim e, com isso, assistimos a volta da barbárie com a Guerra da Ucrânia, o retorno do império do individualismo e o famoso “salve-se quem puder”, que praticamente rege a sociedade brasileira. As lições tão simples e importantes, que ela trouxe, já foram praticamente esquecidas.
Agora, houve a intensificação da intolerância e da propagação do ódio ao próximo, seja por divergências políticas e ideológicas, que se intensificam em ano eleitoral, seja por quem pensa diferente, e quer, por exemplo, ainda quer utilizar máscaras em ambientes fechados ou nas ruas, também por preferências sexuais ou questões raciais.
O lema da pandemia de cuidado com o próximo, em qualquer aspecto, e o “juntos somos mais fortes” ficaram para trás. O que ainda terá que acontecer para que haja, efetivamente, mudança na sociedade?

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